Um ato de amor e solidariedade. A família Satiro nunca imaginou passar por essa situação, a dor de perder o filho caçula deu lugar ao alívio em saber que o sonho de Bernardo, no último momento de sua vida, estaria assegurado.
“Apesar de a mais forte dor, eu me sinto aliviada em saber que pessoas vão continuar vivas por causa do Bernardo. O meu consolo é saber que vai ter um pedacinho do meu filho com essas pessoas e saber que ele não morreu em vão”, disse Valéria Hassen Satiro.
Em meio ao choro, a mãe explicava que nunca tinha pensado em doar órgãos, ao contrário, se dizia contra a doação. “Há muito tempo me perguntaram se eu era doadora de órgãos e, naquele momento, por medo, eu disse não. Quando fiquei sabendo da morte do meu filho, não pensei duas vezes. O sonho de Bernardo era servir e, mesmo com a sua morte, eu vou realizar o sonho dele”, completou a mãe.
A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, explicou que a família foi informada da morte de Bernardo e a primeira reação foi a vontade de doar os órgãos. Com o termo de autorização assinado, a CIHDOTT deu início ao procedimento para doação com a coleta de amostras de sorologia, cujo resultado determina a compatibilidade e, consequentemente, quem poderá receber as doações.
“A partir de agora vamos correr contra o tempo para que a cirurgia de transplante aconteça dentro do prazo necessário. Um único doador pode salvar a vida de até 25 pessoas”, explicou a coordenadora da CIHDOTT, Rosemary Gomes Sabadini.
Para a gerente de gestão hospitalar da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e prima de Bernardo, Melissa Santos de Oliveira, a doação é, sobretudo, um gesto de amor e deve ser incentivado. “Eu trabalho com saúde e sei o quanto a doação é importante e, por estar próxima à família, fui uma das incentivadoras. O Bernardo estará sempre conosco”, finalizou Melissa.
CIHDOTT - A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves iniciou suas atividades em junho de 2013 sob a coordenação conjunta do médico Éric Teixeira Gaigher e da enfermeira Rosemary Gomes Sabadini. “O trabalho da CIHDOTT é dar apoio emocional e acompanhamento psicológico para que a família sinta segurança e entenda que nossa missão é salvar uma vida, e não tirar a vida de quem ela ama,” explicou a enfermeira.
“Seja a parte fundamental na vida de alguém”. Esse é o slogan da CIHDOTT implantada no HEJSN, uma tentativa de desmistificar crenças sobre doação e, mais do que isso, construir um legado de cuidado e amor ao próximo. “A Associação Evangélica Beneficente Espírito Santense, a AEBS, trabalha muito com o lado humano dos pacientes e é justamente esse trabalho que nós buscamos implantar na CIHDOTT. Tentamos esclarecer todas as dúvidas da família acerca da questão do transplante, mas, se mesmo assim a família do possível doador não expressar o desejo em doar os órgãos, então respeitamos a decisão,” frisou Rosemary Sabadini.
Saiba mais:
:: Como posso me tornar um doador de órgãos?
- O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte.
:: Quem recebe os órgãos e/ou tecidos doados?
- Quando é reconhecido um doador efetivo, a central de transplantes é comunicada, pois apenas ela tem acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está na fila esperando um órgão. Além da ordem da lista, a escolha do receptor será definida pelos exames de compatibilidade entre o doador e o receptor. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o próximo a receber o órgão.
FOTO: Nestor Müller / Secom- ES
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