Os visitantes do Palácio Anchieta podem se preparar para uma experiência poética, que leva a reflexões sobre identidade, a memória e o afeto. Isto e muito mais está na exposição “Constelações”, trabalho do artista plástico capixaba Hilal Sami Hilal. O evento de abertura da exposição acontece no Espaço Cultural do Palácio Anchieta, nesta quinta-feira (04), às 19 horas.
A mostra conta com três grandiosas instalações, que se unem a um objeto-livro. “Para o meu amor passar” é a instalação que recebe os visitantes e os conduz ao universo poético do artista. Inspirada na cantiga popular, a instalação "Se essa rua fosse minha" ocupa uma área de 250 metros quadrados, com 40 mil “pedrinhas de brilhante” incrustadas em oito mil ladrilhos cinza chumbo. A obra, que não tem um percurso definido, evoca lembranças e inquietações subjetivas.
Antes de chegar à obra-título, a exposição tem dois outros trabalhos monumentais, que fazem parte da série “Deslocamentos”. O primeiro é uma “piscina” – obra inédita – com 5,6 metros de diâmetro. Na água, papel macerado, glicerina e pigmento, flutuando como um grande mundo cuja forma constitui uma paisagem real em movimento. Um Objeto-livro é o trabalho seguinte, que também produz sua própria direção: numa inclinação de 30 graus, pranchas imensas de papel artesanal que se prolongam por todo o espaço do local.
Esse percurso leva à obra "Constelações", que dá nome à mostra. Ela é uma "obra coletiva", com a participação de 2.500 jovens alunos de escolas públicas da Grande Vitória, que marcaram no trabalho dez mil nomes de pessoas que apresentam relação afetiva em suas vidas. Produzida em papel artesanal colorido sobre tecido transparente, as caligrafias são refletidas por espelhos em toda a extensão do teto.
“Nessa exposição, as constelações se formam pela reunião de nomes, caligrafias, memórias e afetos, dores e alegrias. A suposição é de que será possível a reconfiguração de rememorações e reminiscências perdidas. E cada instalação é representada por seus atributos, símbolos de memória e reconstrução, que implicam reviver conteúdos que estão na base da construção da nossa identidade”, enfatiza a curadora Neusa Mendes.
Inspirada em “Noite Estrelada”, de Van Gogh, "Constelações" vem sendo produzida desde abril. Com uma equipe composta pela psicanalista Ruth Ferreira Bastos, o educador Laércio Ferracioli e a curadora Neuza Mendes, Hilal promoveu workshops para os diretores e professores de sete escolas da rede estadual de educação de Vitória e Região Metropolitana. Durante os encontros, o artista falou sobre a experiência com a arte, da “Constelação” e da evocação da memória pessoal ou coletiva, articulando a noção de identidade.
Num segundo momento, foram realizadas oficinas de papel artesanal – trapos macerados que trazem as marcas do tempo e são parte indissociável da plástica de Hilal – com alunos. Os nomes foram praticamente desenhados: o papel macerado foi injetado em bisnagas como as de confeiteiros, de onde brotaram as caligrafias dos participantes.
“Em cada nome há uma recordação, uma marca. Há vida. Me sinto feliz na realização de um trabalho coletivo, em poder aproximar os jovens da arte, em ter a chance de, quem sabe, contribuir para modificar as suas perspectivas de futuro”, confessa Hilal.
A exibição vai até o dia 6 de novembro e o evento é aberto ao público. A curadoria é de Neusa Mendes, pesquisadora e crítica de arte da Universidade Federal do Espírito Santo/UFES, e a produção é da 4 Art Produções Culturais.
FOTO: Nilton Santolin
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