Ansiosos e cheios de expectativas, os estudantes da rede estadual de ensino foram conferir seus nomes na listagem dos alunos aprovados no vestibular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A divulgação, feita na última quarta-feira (28), levou em consideração a nota da prova objetiva do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e a nota da prova discursiva. Ter o nome na lista de aprovados é a confirmação de que com dedicação e estudos o sonho pode ser alcançado.
Exemplo disso é a estudante Daniele dos Santos Rodrigues, que conquistou uma vaga para curso de Engenharia de Produção. A estudante, da escola estadual Teófilo Paulino, localizada em Domingos Martins, frequentou as aulas regulares e estudava três horas por dia, por conta própria. Daniele ficou surpresa quando viu sua aprovação, pois teve dificuldade em uma das provas. “Fiquei muito feliz com minha conquista, principalmente porque não achava que fosse passar. Achei a prova de física muito difícil e estava desacreditada. Meu pai e minha mãe torceram muito e ficaram felizes”, comemorou.
Quem também enfrentou uma rotina dedicada aos estudos foi Suzane Ortolani Scheppa, estudante da escola estadual José Pinto Coelho, em Santa Teresa, aprovada no curso de Psicologia. Ela conta que se preparou, principalmente, na escola e procurou estudar mais as matérias relacionadas à história e biologia, que eram as discursivas para o seu curso. Além disso, duas vezes por semana, ela assistia aulas de redação na própria escola. Com a proximidade das provas, ela e outros alunos intensificaram os estudos. “Perto do vestibular nós íamos para a biblioteca da escola e estudávamos sozinhos até às 22 horas”, disse.
Suzane reforçou que a preocupação e expectativa em passar eram grandes. “Quando vi o resultado foi uma felicidade. Eu tive uma preocupação muito grande em passar na Ufes, pois não sou a primeira na família. Minha irmã já estuda lá e também alguns primos”. Agora que está aprovada, ela pretende morar em Vitória com a irmã.
DETERMINAÇÃO - Entre as muitas histórias sobre como foi a conquista de uma vaga na Ufes, a de Kamila Ferreira de Freitas, de 17 anos, se destaca. A estudante da escola estadual Elza Lemos Andreatta, em Vitória, teve uma rotina bem puxada. Kamila fazia curso técnico em Administração pela manhã, cursava o ensino médio regular de tarde e ainda tinha o curso pré-Enem à noite. Para intensificar ainda mais os estudos, a aluna estudava até meia-noite. Quando o período do Enem e das provas discursivas se aproximaram, ela se ausentou do curso técnico e focou nos estudos.
Kamila conquistou uma vaga no curso de Odontologia, um dos mais caros na rede privada. Apaixonada desde pequena pela profissão, a estudante precisou enfrentar a desmotivação causada pelos palpites de conhecidos e, por pouco, não escolheu “embarcar” em outro curso. “Desde quando era pequena ficava encantada com a minha dentista, que era bastante atenciosa. Fui crescendo e procurando me informar melhor sobre a profissão. Dessa forma, minha vontade de exercer a profissão foi aumentando. Porém, muitas pessoas diziam que eu não iria conseguir fazer a faculdade, pois era muito caro e eu não tinha condição financeira. Isso me desmotivou bastante e fui pesquisar sobre outros cursos. Como gostava de Matemática, pensei em fazer engenharia”.
No entanto, a família de Kamila deu total apoio para que ela fosse buscar a realização do sonho de infância. E ela foi. Ela soube que tinha sido aprovada na Ufes por meio de uma amiga, pois estava sem internet em casa. Filha de gari e dona de casa, ela é a primeira na família a entrar em uma universidade. “Foi o dia mais feliz da minha vida. Sou a primeira filha a entrar na faculdade. Meu irmão fez curso técnico e minha irmã terminou apenas o ensino médio. Hoje estou conseguindo provar para as pessoas que duvidaram de mim que tenho capacidade”, comemora.
FOTO: DIVULGAÇÃO / SEDU
(Os textos publicados são produzidos pela Rede de Comunicação do Governo do Espírito Santo)